domingo, 20 de março de 2011

LAGOA RODRIGO DE FREITAS

Vítima do descaso ambiental nos anos 80 e 90, a Lagoa Rodrigo de Freitas volta a vida com obras que reduziram o despejo de esgoto e a expectativa de um mega projeto previsto para reavivá-la completamente melhorando sua ligação com o mar.
A Lagoa, que faz divisa com os bairros mais nobres da cidade (Ipanema, Leblon, Copacabana, Jardim Botânico), é o destino de cerca de 120 mil pessoas nos finais de semana em busca de diversão, esporte e gastronomia. A ciclovia e pista de corrida/caminhada, de 7,8 km, construída às suas margens recebem semanalmente cerca de mil corredores juntamente com atletas amadores, moradores e turistas. Nos finais de semana, os três parques - Parque dos Patins, Taboas e Cantagalo - que a margeiam atraem cariocas interessados em praticar esportes, em lazer e nos 15 quiosques de alimentação.
Em frente à Lagoa, por onde deslizam remadores, esquiadores e pedalinhos, estão os prédios mais valorizados do Rio de Janeiro. No ranking do mercado imobiliário, o bairro perde só para o Leblon.

Mas o cenário nem sempre foi este. Ressurgiu há poucos anos devido aos projetos que renasceram uma lagoa que chegou a apresentar 16 000 coliformes fecais por 100ml de água - dados de 1996. O atual registro, de acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), é 1 300 por 100ml de água. É um número razoável, mas ainda 300 pontos acima da marca indicativa de água própria para o banho.
Em três verões consecutivos, entre 2000 e 2002, os cariocas assistiram à uma mortandade de cerca de 236 toneladas de peixes, provocada por um sistema ultrapassado e ineficiente de ligação com o mar e, principalmente, pelos despejos clandestinos de esgoto. Na época, um estudo indicou cerca de 34o ligações ilegais.
Nesta época, devido ao forte e fétido odor exalado muitos frequentadores da região correram para as orlas das praias de Ipanema e Leblon.
Depois de todo este desastre ambiental, vieram as medidas para a revitalização. Em 2001, a CEDAE (Companhia de Águas e Esgotos), pressionada pelo Ministério Público, inaugurou uma nova tubulação para impedir que resíduos invadissem as passagens de águas pluviais. Em 2007, reformas nas seis das oito estações elevatórias juntamente com o monitoramento das ligações ilegais `mostraram resultados efetivos: acabou o mau cheiro e a limpidez da água aumentou.

Mas ainda há muito a ser melhorado.
A emissão de dejetos por décadas juntamente com a ação das chuvas e dos ventos criaram uma base putrefata. E ainda com um agravante: duas grandes crateras (uma entre os clubes Caiçaras e Flamengo e outra no Parque Cantagalo) originaram-se com a retirada de material para construção de aterros. Enquanto a Lagoa tem cerca de 3 metros de profundidade, as crateras chegam a ter 9 metros. Dentro dessas crateras há material orgânico em decomposição, sem oxigêncio, produzindo gases tóxicos, como o metano e o sulfídrico. Com a ação de frentes frias e ventos fortes estes gases emergem para a superfície e consomem muito oxigênio causando a morte por asfixia de peixes e outros seres vivos.

Para a completa recuperação e revitalização da Lagoa Rodrigo de Freitas o governo aposta no projeto Lagoa Limpa, uma parceria com a EBX, grupo do empresário Eike Batista. A parceria é uma ação altruísta do empresário, que diz querer ajudar a cidade que o acolheu.
O projeto já colocou a disposição da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) um catamarã para ajudar na coleta de resíduos e algas da água, o que já aumentou a quantidade recolhida de 40 para 65 toneladas por mês.
O Lagoa Limpa engloba três pontos fundamentais: a criação de um centro de controle para fiscalizar a rede de esgoto; a dragagem de 95 mil metros cúbicos de resíduos e a modernização do canal Jardim de Alah para promover uma troca mais eficaz entre a Lagoa e o mar. O orçamento previsto é de trinta milhões de reais e a conclusão setembro de 2010.

O projeto prevê a passagem de três dutos que atravessarão subterraneamente a avenida Vieira Souto eliminando a divisão entre as praias de Ipanema e Leblon. Hoje, o que há é um canal sujo a céu aberto. Com o projeto, a abertura dos dutos ficará a oito metros de profundidade e a 300 metros da orla. A água do mar fria, salgada e rica em oxigênio entrará direto no fundo da Lagoa, que deixará de ser putrefata passando a ser viva e ativa. A previsão é que em um ano o novo canal aumente a salinidade e com isto a diversidade da fauna.

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